Quem sou eu

Arquiteto e Urbanista, Artista Plástico, caricaturista com publicações no Pasquim, Globo, Jornal do Brasil, Jornal do comércio, Opinião, Playboy e outros. Capas e ilustrações para livros, editoras ZAHAR, José Olympio, FTD e outras. Prêmio de “Ilustrador do Ano”, Clube de Criação – S.P - 1989, Prêmio da Fundação Nacional do Livro “Melhor Ilustração Infantil" - 1989. Mestrado e doutorado em comunicação ECO-UFRJ. Professor adjunto da faculdade Santa Úrsula, de 1975-2000. Professor de desenho e pintura da Escola de Artes visuais do Parque Lage com o curso "Desenho Contemporâneo: produção de sentido e narratividade" - autor do livro "Arte, Artistas e Arteiros" 2011 (versão digital)Editora Gato Sabido - www.gatosabido.com.br E-mail: orlandommollica@gmail.com

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Imaginário Popular - Instalação


Um país é composto por suas paisagens. É sobre essa composição o trabalho que Mollica desenvolve nos últimos dez anos. Começou com uma fascinação pela pesquisa da luminosidade do Rio de Janeiro por António Parreiras, um paisagista stricto senso cuja obra vai de 1884 a 1934. E então o seu próprio conceito de paisagem explode com as pinturas das grandes pedras do Rio dos anos 1980/90 antes de Cristo - aquelas que você vê no fundo da caverna/capela de Comte, na TV. As grandes pedras continuam lá a nos rememorar nossa não-História.
Foi em contato com essa não-História que eclodiram os momentos/marcas de nossa construção nacional. Aqui nunca houve país. E sim uma série de surtos que sempre apontam para fora: fora do que se entende por país e por História, algo terreno, que reúne carnavalizada e acronologicamente muitos povos (e todos os tempos). Foi assim com o indigenismo romântico depois da Independência, e com os nossos republicanos positivistas, seguidores de Comte. Na França ninguém sustentou o delírio final de Comte criando uma religião. Fora desta capela em Paris, a Igreja Positivista só encontrou espaço no México e no Brasil. Porque entre nós e entre os mexicanos a tabulação que cria os Deuses e os povos ainda continua viva.
Nos anos 20, em outro surto de "formação nacional", repetimos essa voz múltipla, sem dono e sem lugar, no nosso Modernismo de negros e índios, antropófago. É desses anos, junto com o primeiro ciclo industrial e a fundação do Partido Comunista Brasileiro, a criação da Umbanda: uma invenção de intelectuais de classe média que seguiram o mesmo programa dos modernistas - afro, indigenista, estética canibal - nenhum preconceito - e uma espécie de ressonância da loucura republicana dos seguidores de Comte.
Uma igreja para um povo sem pecado. Expressão de nossa alegria louca e não de nossa miséria. Inventamos deuses. O último é um "chofer de caminhão". Umbanda quer dizer "passagem" (ou "paisagem"?). É este o rumor que Mollica deseja fazer ressoar e assombrar na casa de Augusto Comte; agora, como belíssima homenagem e disparate. Casa do Brasil.
Mauro Sá Rego Costa

...que um tufão caleidoscópico sugou as infinitas paisagens do Rio de Janeiro, naquela manhã azulada, de neóns ainda acesos, para depois lançá-las de volta, ao avesso, sobre o espelho de seus mitos. Revelou-se o rastro das personagens invisíveis. No tambor da pele um corpo gutural penetrou a gruta coberta pelo véu de água omoluoxum de kaiapótamôio - a cura sem assepsia é mais voraz e aplaude irreverente a globalização informática onde os pés não sentem os pedregulhos do chão em brasa. Brasa de Brasil fervendo a síntese de todo o passado e futuro. Em alguma esquina o ritual de alguém incógnito. Natureza Viva: um sol oculto por entre novas academias de vidro fume ...
Abril/97
Xico Chaves

Um comentário:

  1. Olá professor, Gostaria de entrar em contato com o Sr. por e-mail se possível. Se puder me enviar seu e-mail para donneenha@hotmail.com. Obrigada.

    ResponderExcluir